3 de maio de 2007

Sugestões Musicais

“TARWATER” ABREM DIGRESSÃO EUROPEIA EM BRAGA
Theatro Circo acolhe, a 4 de Maio, estreia nacional de “Spider Smile”

O Theatro Circo recebe, a 4 de Maio (23h59), o concerto que marca o início da digressão europeia de apresentação de “Spider Smile”, albúm recém-editado pelos alemães “Tarwater”, dupla a quem é igualmente entregue a missão de encerrar o festival “Germanland 2007 – Panorama das músicas da Alemanha”. Com uma electrónica subaquática e inteligente, muito perto dos melhores anos do “krautrock” alemão, Roland Lippoc (baterista, vocalista e programador) e Bernd Jertram (guitarrista, baixista e programador), mais conhecidos como “Tarwater” caracterizam-se pelo estilo, charme e simplicidade que conferem às suas composições e que variam entre géneros tão diversos como o “post-rock”, “dub” ou o “pop”. Sem perseguir tendências, mas com muita experiência e talento, os “Tarwater” trazem agora a Braga uma das primeiras apresentações de “Spider Smile”, um álbum composto por canções repletas de referências que encorajam o ouvinte a ligar as suas histórias à da banda, transportando-o à mais profunda essência das suas canções. Em temas como “Shirley Temple”, “World of Things to Touch”, “When Love Was The Law in Los Angeles” ou “Sweet Home Under White Clouds”, os “Tarwater” falam de lugares e espaços, particularmente da América ou, mais concretamente, sobre as idealizações que a sociedade actual faz sobre a América. A uma permanente predominância electrónica, a dupla que começou a fazer música numa banda “punk”, acrescenta a este novo projecto os sons de instrumentos inéditos como a harmónica ou o violino. Num registo assumidamente mais “pop”, que começou a fazer-se notar no anterior, “The Needle Was Travelling”, álbum que se distinguiu pela qualidade narrativa das suas canções, os “Tarwater” permanecem, contudo, fiéis à postura delicadamente reservada que apresentam enquanto a sua música recebe os mais notáveis elogios. Deste projecto conjunto, que se iniciou quando Lippok ainda tocava com os “To Rococo Rot”, resultou a gravação de seis álbuns de originais e de três outros trabalhos, de que se destaca o disco resultante da digressão pelo Japão.

Os ingressos para este espectáculo, a 10 euros, podem ser adquiridos nas bilheteiras do Theatro Circo


“WHITE MAGIC” PROPÕEM PARA BRAGA NOITE DE MELODIAS MEDIEVAIS E SONS MÍSTICOS
Nomeados como «melhor banda de Nova Iorque», apresentam “Dat Rosa Mel Apibus”, a 5 de Maio (23h59)

«Uma janela aberta para outro mundo» é o que o espectador pode esperar do concerto que os “White Magic”, duo nomeado pela crítica como «a melhor banda de Nova Iorque», apresentam sábado (5 de Maio, 23h59) no Theatro Circo. Através da enigmática e inebriante voz de Mira Billotte, os “White Magic” aproveitam a passagem por Braga para dar a conhecer o recente “Dat Rosa Mel Apibus”, título escolhido para um conjunto de canções compostas por melodias medievais, batidas tumultuosas, sons estranhamente sensuais e um místico sentido de drama que se traduzem em temas como “Hold Your Hand in the Dark”, “Palm and Wine” ou “Sun Song”. Lado a lado, a cantora e compositora Mira e o guitarrista Doug Shaw, representados pela prestigiada editora “Drag City”, confundem a crítica com o ecletismo que afirmam neste primeiro registo e que resulta na frequente categorização em estilos tão diversos como medieval, voodoo, new folk ou dark indie folk. Neste álbum, os “White Magic” recorrem a instrumentos muito pouco comuns na música ocidental, designadamente um “ehru”, instrumento chinês de cordas, ou uma “kora”, instrumento africano muito semelhante a uma cítara. Contudo, a banda não considera que o recurso a estes instrumentos tenha por objectivo a conquista de um estilo mais exótico. «Não me parece uma novidade o uso de uma cítara ou de música de outros lugares, pelo contrário parece-me muito natural», defende Shaw. Hipnótico, enigmático e inquestionavelmente místico, “Dat Rosa Mel Apibus” revela a sua essência no próprio título. Versão em latim do provérbio do século XVI que significa “a rosa dá o mel das abelhas”, “Dat Rosa Mel Apibus”, projecto que conserva a qualidade concisa do EP precedente “In Through The Sun Door” e prossegue com moldes mais abertos e cerimoniosos, remete para o trabalho árduo e suas recompensas, reflectindo ainda, sob a forma de um mantra musical, o esforço da banda para expandir as suas fronteiras estilísticas. Figura constante do ambiente “underground” nova-iorquino da última década, Mira Billotte iniciou um percurso profissional com a banda “Quixotic”, mas foi com os “White Magic” que se afirmou como uma das vozes mais distintas da nova canção norte-americana. Com “In Through The Sun Door”, Mira, que, ao lado de Miggie Littleton na bateria e Andy McLeod na guitarra, se apresentava na composição, canto, piano e guitarra (acústica e eléctrica), foi comparada a nomes como Grace Slick, Karen Carpenter, Nina Simone e mesmo Billie Holliday. Após um percurso marcado pelas digressões com artistas de entre os quais se destacam os “Sonic Youth” ou Will Oldham, os “White Magic” deslocam-se agora à Europa, onde, a par dos três espectáculos agendados para Portugal, actuam ainda em Espanha e Inglaterra.

Os ingressos para este espectáculo, a 8 euros, podem ser adquiridos nas bilheteiras do Theatro Circo
“Maldoror”, “Pára-me de Repente” e “Uma Lentidão que Parece uma Velocidade”

Fruto de uma co-produção do Theatro Circo e da bracarense “Imetua - Cooperativa Cultural”, a estreia do espectáculo “Maldoror” assinala, a 11 e 12 de Maio (21h30), o regresso à sala que várias vezes vibrou com a sua música dos inconfundíveis e carismáticos “Mão Morta”. Estruturado a partir d’“Os Cantos de Maldoror”, obra-prima literária de Isidore Ducasse, o mais recente projecto da banda bracarense consuma-se num espectáculo singular em que a música brinca com o teatro, o vídeo e a declamação. Com Adolfo Luxúria Canibal na voz, Miguel Pedro na electrónica e bateria, António Rafael nos teclados e guitarra, Sapo na guitarra, Vasco Vaz na guitarra e teclados e Joana Longobardi no baixo e contrabaixo, os “Mão Morta” dão voz às “vozes” do herói Maldoror e do narrador Lautréamont, algumas imagens privilegiadas das muitas que povoam o livro, sem necessidade de um epílogo ou de uma linearidade narrativa, ao ritmo da fantasia infantil – o palco é o quarto de brinquedos, o espaço onde a criança brinca, onde cria e encarna personagens e histórias dando livre curso à imaginação. O espectáculo é constituído pelo conjunto desses quadros/ excertos que se sucedem como canções, mas encadeados uns nos outros, recorrendo à manipulação, video e representação.

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