31 de janeiro de 2007
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30 de janeiro de 2007
Howe Gelb e Dead Combo no Theatro Circo
HOWE GELB
+
DEAD COMBO
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31 Janeiro / Quarta-Feira / 21:30 horas
O Theatro Circo, em Braga, recebe quarta-feira (31 de Janeiro, 21h30) um concerto do multi-instrumentalista, cantor e compositor Howe Gelb, reconhecido como um dos mais consistentes e inventivos artistas americanos das últimas duas décadas.
Com a primeira parte assegurada pelos portugueses “Dead Combo”, Howe Gelb apresenta-se na sala principal do Theatro Circo num espectáculo em que, acompanhado pelo piano e pela guitarra, se propõe interpretar alguns dos maiores êxitos da sua já longa carreira, especialmente de temas extraídos do álbum “’Sno Angel Like You”.
Editado em Março de 2006, “‘Sno Angel Like you”, o mais recente álbum a solo do cantor, resulta de uma colaboração com o grupo de gospel “Voices of Paradise” e inclui temas como “Get to Leave”, “Paradise here Abouts”, “The Voice Within” ou “Chore of Enchantment”, que materializam a fusão idealizada entre o estilo “folk-rock” de Gelb e o encanto da música “soul”.
A par de uma sólida carreira a solo que derivou no lançamento dos trabalhos “Dreaded Brown Recluse” (1993), “Hisser” (1998), “Confluence” (2001) e “The Listener” (2003), “Howe Gelb” destacou-se ainda como líder da banda “Giant Sand”, como dono da editora “Ow Om” e como colaborador em diversos projectos musicais, designadamente da banda “OP8”, que formou com Lisa Germano, artista que – recorde-se – esgotou a lotação nos dois concertos que apresentou no Theatro Circo, em Novembro passado.
O espectáculo de Howe Gelb regista o apoio das marcas “Clavichorde - Instrumentos e Produções Musicais, Lda” e “Mr. Piano”.
“DEAD COMBO” APRESENTAM
“VOL 2: QUANDO A ALMA NÃO É PEQUENA”
Protagonistas da primeira parte do espectáculo de Howe Gelb, os portugueses “Dead Combo” sobem ao palco do Theatro Circo para apresentar o álbum “Vol.2: Quando a Alma Não é Pequena”.
Com um estilo que se traduz na mistura da essência do fado com bandas sonoras de western-spaghetty, música da América do Sul, de África e Rock, o grupo descreve-se a si próprio e ao som que produz como «se a qualquer momento Clint Eastwood entrasse numa casa de fado e, no topo das escadas, Severa lhe apontasse a porta do quarto».
Formados por Tó Trips, nas guitarras, e por Pedro Gonçalves, no contrabaixo, guitarras, kazoo e melodica, os “Dead Combo” surgiram em 2002 aquando de um convite para gravar o tema “Paredes Ambiance”, incluído num álbum de homenagem a Carlos Paredes. Em 2004, gravaram o álbum de lançamento “Vol.1”, considerado pela crítica como «um dos mais belos e tocantes discos concebidos sob o signo da melancolia».
Após um número considerável de concertos e a composição da banda sonora de “Subwestern – Un Duelo En El Barrio” e “Guitarra com Gente Lá Dentro”, de Edgar Pêra, os Dead Combo apresentam agora o mais recente álbum “Vol.2: Quando a Alma Não é Pequena”, um conjunto de 14 temas originais que oferecem fragmentos de tango flamengo, o “far-west” visto por Ennio Morricone e sons da verdadeira Cuba, entre outros estilos que compõem a sonoridade de uma das bandas mais surpreendentes da actualidade nacional.
Sobre os intérpretes: www.howegelb.com e www.deadcombo.net
Os ingressos para este concerto, a 10 euros, podem ser adquiridos nas bilheteiras do Theatro Circo. Mais informação em www.theatrocirco.com ou através de teatrocirco@gmail.com, bilheteira@theatrocirco.com, reservas@theatrocirco.com e do “call center” 253 203 800.
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Para reflectir
Ao visitar em Agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. “Quem trouxe a fome foi a geladeira”, disse. O electrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc.
A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável.
É próprio do humano – e nisso também nos diferenciamos dos animais – manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico.
A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimónia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento directamente da panela.
Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos “Manuscritos económicos e filosóficos” (1844), ele constata que “o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós.” O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.
Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, têm alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia?
Assim como um objecto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife.
Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela…
Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objectos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.
Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objectos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objecto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc.
Comércio deriva de “com mercê”, com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas.
Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira.
Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. “Nada poderia ser maior que sedução“ – diz Jean Baudrillard – ”nem mesmo a ordem que a destrói.“ E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.
Vou com frequência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objectos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. “Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático”, respondo. Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.”